sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A Eter

Não me lembro se já publicamos isso, mas achei agora durante a faxina anual da inbox e resolví publicar. O texto é do meu amigão jornalista Eduardo Leite, que anda meio sumido, e é uma homenagem aquele que foi um dos personagens mais marcantes da Copacabana de meados dos anos 1970!

A Éter

Éter
Eternamente
É ter na mente:

Que é possível estar
Presente,
ausente

Que é possível estar
Ausente,
presente

Éter- presente
Poesia displicente
Produção independente
Fantasmagoria diligente

Arte de quem sente
Que ter não é ser
Independente

Que a moléstia do presente
É se julgar presente
Pelo valor da moeda
Na conta corrente

Éter na mente
Que a mente
Mente
Quando a saudade
Sente
De quem
Ainda que ausente,
Está eternamente presente
Está éter na mente presente
É ternamente presente

E a lágrima não descente
Torna chorar a dor
Algo fútil
Pequeno
Indecente

Éter
Ternamente
Eternamente
Gigante
Na mente

Ainda que ausente
A presença
Pressente
Eterna
Gasosa
Permanente

Éter
Sem raivas
Sem mágoas
Sem dentes
Altivo e inocente

Mestre mudo
Mostra ao mundo
Que o amor não fica
Decadente
Não pode ser indecente
Com ou sem éter na mente

2009-01-06 12:52:28

Desordem Urbana

Resido há mais de 30 anos no mesmo endereço da Rua Aires Saldanha. Sempre foi um local tranqüilo, sem o barulho dos ônibus (por aqui não passam linhas) e de perfil essencialmente residencial, com algumas poucas opções comerciais. De uns anos para cá, contudo, a tranqüilidade começou a dar lugar à desordem, geralmente provocada por certos estabelecimentos que promovem a baderna e o desrespeito, ancorados, por certo, na vista grossa de nossas supostas autoridades, que nada fazem para coibir tais abusos.

Atualmente, a dor de cabeça atende pelo nome de Baixo Copa. Inaugurado no começo de setembro, já teve de fechar as portas por ordem policial logo na primeira noite, por conta do barulho excessivo de sua maquinaria, o que causou profundo incômodo aos moradores dos andares mais baixos do prédio de número 13, que, desafortunadamente, fica em cima do referido “point”. Antes fosse este o único problema. Em pouco mais de três meses, não há quem, residindo nas redondezas, não reclame do barulho promovido pelo estabelecimento. Sobretudo os moradores do edifício em questão, que, ainda por cima, têm seu direito de ir e vir cerceado pelos freqüentadores do bar, que ocupam toda a calçada, inclusive, não raras vezes, obstruindo a própria portaria.

Como se isso não bastasse, o local promove, aos domingos, uma roda de samba, ou seja, faz-se uso de batucada, o que, se não estou enganado, é proibido por lei, mesmo nos locais que oferecem música ao vivo. Ou pelo menos deveria ser proibido. O barulho começa por volta das 15h e se estende até 22h. Pouco? Agora mesmo, parece que mudaram a programação e a bagunça já começa na noite de sábado, com música altíssima, perturbando mesmo os moradores dos andares mais altos.

Os moradores da área já estão cansados de reclamar nos órgãos “competentes” sem que qualquer medida seja efetivamente tomada para que o problema se resolva. O que poderia ser feito? Multas contínuas? Cassação do alvará? Alguém da prefeitura poderia se manifestar quanto a isso? Eu mesmo já fiz diversas reclamações – Teleordem, Secretaria de Meio Ambiente, Ouvidoria da Prefeitura – e a resposta é sempre a mesma: “Vamos fiscalizar”. A Ouvidoria, aliás, revelou-se de uma inutilidade assustadora. Quando liguei certa vez para informar do fato, antes mesmo de minha reclamação ser ouvida, o funcionário foi logo dizendo que eu deveria me reportar à 5ª. Região Administrativa (RA), por ser ele o órgão fiscalizador mais competente para resolver a questão. Não sei se por causa desse jogo de empurra, mas o fato é que, a cada dia, o problema se agrava e soluções, que são o que esperamos e queremos mesmo, nada.

Para aumentar a aflição, o imóvel localizado no número 10 da mesma rua – cujo endereço oficial é Rua Bolívar 27-B – está em obras e todos já temem que ali abra outro boteco cujo prato de todo dia seja o barulho, a desordem, o desrespeito. As lembranças não são agradáveis: ali funcionou, por 18 meses (agosto de 2006 a março deste ano), o estranho Belisquet’s, de tristíssima memória por suas noitadas embaladas ao som de altos decibéis, até 3 da manhã, mesmo durante a semana, e que, posteriormente, se converteu em ponto de encontro de torcedores do São Paulo F.C., que brindavam os moradores com seus gritos e seus cantos repletos de palavrões, também noite adentro. Será possível que teremos de aturar outro vizinho que cause tamanho incômodo? O alívio que se seguiu a seu fechamento deu lugar à apreensão.

Nem citei o Xexéu, e creio ser desnecessário, por ser este um velho conhecido de todos os moradores da outrora tranqüila Aires Saldanha, conhecedores de seu histórico de festas barulhentas e música alta invadindo os lares de quem tem o azar de morar próximo ao local.

Estes flagrantes de desordem são emblemáticos de uma cidade que se acostumou a viver à margem de qualquer lei. Faz-se o que bem se entende, da maneira que melhor convier – e os incomodados que se mudem, ou cansem de reclamar, como já está acontecendo comigo. Vivemos atualmente uma era de cinismo disseminado, onde todos fazem questão de exigir seus direitos mas ninguém se preocupa em exercer seus deveres de cidadão, entre os quais, o de respeitar o próximo. Provavelmente são as mesmas pessoas que deixam o celular ligado nas salas de cinema, avançam sinais, jogam lixo nas ruas – ou seja, nem aí para a civilidade e a boa convivência. Depois, ainda têm a cara de pau de participar de alguma passeata na orla, para passarem a imagem de que são cidadãos conscientes ou engajados em alguma causa social. Chega a ser asqueroso.

Enfim, este é apenas um caso. Quantos mais teremos espalhados por nosso bairro e, por extensão, por toda a cidade? E sem vermos medidas efetivas que controlem ou ponham fim a tantos abusos? Depois, ainda falam em Cidade Maravilhosa... Só se for para os baderneiros!

Giuliano Francesco

2008-12-16 10:42:26

NOITADA EM COPACABANA, 14 de agosto de 1955

Está sendo lançado na França o livro "Soirée à Copacabana, volume 1",de Marcus Wagner, a luta entre a maresia e a fumaça de piano-bar. Trata-se de uma biografia musical em quadrinhos do Rio nos anos 50.

O primeiro volume retrata uma noitada em Copacabana em 1955, três anos antes do nascimento oficial da bossa nova. Uma noitada pelas principais casas noturnas de Copacabana com Antonio Maria, Vinícius de Moraes e sua turma.

Quem quiser conhecer melhor esse projeto convido a visitar o blog BDBOSSA , o TRAILER e o site da editora NOCTURNE, onde poderão escutar parte das faixas que compõe a trilha sonora. O álbum é acompanhado por dois CDs contendo clássicos e raridades.



SINOPSE



Em 14 de agosto de 1955 o Hotel Vogue pegou fogo.

Na boate do Hotel de mesmo nome se reunia a alta sociedade carioca misturada a artistas, intelectuais, políticos, sambistas, playboys internacionais, atrizes de Hollywood, vedetes do teatro revista, enfim, gente das mais diversas origens conviviam na antológica Vogue.

Na Vogue se apresentaram Carmem Miranda, Elizeth Cardoso, Aracy de Almeida, Dolores Duran, Silvio Caldas, entre outros. O Rio era a Capital do Brasil e a Boite Vogue o epicentro de nossa vida social e cultural.

Em 13 de agosto de 1955, o sábado que precedeu o terrível incêndio, o jornalista Antônio Maria recebe um telefonema de Vinicius de Morais, que morava em Paris e está de passagem pelo Rio.

À partir desse encontro entre os dois grandes amigos — três anos mais tarde o maior inimigo da Bossa Nova e o seu mentor— vamos percorrer a noite de Copacabana, do Bar Michel na Fernando Mendes, passando pelo Cangaceiro, Clube da Chave e encerrando na Boite Vogue na Princesa Isabel, em sua derradeira noite.

Ao longo dessa noitada carioca, encontraremos as figuras mais brilhantes da cena cultural brasileira, Sérgio Porto, Dorival Caymmi, Paulo Mendes Campos, Rubem Braga, intelectuais que atravéz de sua obra e estilo de vida definiram o "ser" carioca. Entre bate papos e frases de efeito que se transformaram em aforismas, assistiremos a números musicais que aconteciam nessas casas naquela época.

Dolores Duran canta acompanhada do jovem Tom Jobim ao piano e com direito a uma canja de Maysa no Clube da Chave, Elizete Cardoso com Moacyr Silva no sax se apresentam na Vogue.

Antes da Bossa invadir a nossa praia a música que imperara era a "fossa", o Rio vivia seu momento existencialista, a pele branca e a alma negra ditavam moda na capital tropical. A geração que criou a Bossa Nova foi a primeira a nascer freqüentando nossas praias. (Há duas décadas atrás o banho de mar era regulamentado por lei)

Para a Bossa Nova o mar e a natureza foi uma infindável fonte de inspiração. A coleção BD BOSSA apresenta a vida no Rio durante essa infiltração do mar no imaginário carioca.

O segundo e terceiro livros conta os casos da vida dos personagens que fizeram a Bossa Nova no Rio de Janeiro, então Capital Federal, no seu auge cultural, econômico e social do governo JK, o presidente Bossa Nova.

Cada livro além das ilustrações e dos Cds, traz um texto sobre cada faixa explicando a sua importância histórica e a imagem da capa de cada disco original.

As histórias são baseadas em biografias, revistas, crônicas da época e depoimentos.

2008-12-02 10:38:44

O Elevador dos fundos

Sentiu o cheiro de lavanda suave, feminina, assim que abriu a porta da frente. Veio naquela lufada de ar que dá sempre quando entrava no hallzinho do elevador. Nossa, no elevador então...

Quem seria essa vizinha, porque com esse cheirinho delícia só podia ser vizinha e gostosa! E foi pro trabalho tomado por devaneios eróticos onde, entre outra situações, rolava aqueles amassos no elevador! Tipo "Dama do Lotação" saca? Deve ter no Youtube!

Na volta prá casa, já tinha esquecido da estória, sido absorvido pela rotina intensa do seu dia a dia de arquivista, sempre às voltas com caixas e números, e eram tantas caixas e tantos números que nem palpite pro jogo do bicho rolava mais. A fase de sonhar com aqueles corredores com caixas do chão até quase o teto já havia passado. Agora ele tomava um remedinho e dormia feito um neném!

E no outro dia ao abrir a porta veio o cheiro novamente, que delícia meu Deus! Quem seria essa criatura, tem que ser a maior gata, pensou ele ao apertar o botão do térreo. Se ele morava no sexto andar e eram só dois apartamentos por andar, naquele bloco, então restavam apenas mais oito apartamentos, oito chances de encontrar a musa!

- Seu Carlinhos, mudou gente nova prá aí?
- Mudou não senhor.

Mas algo tinha aparecido diferente, porra! Esse cheiro enebriava, deixava ele doido!

Ao final de uma semana disso resolveu se antecipar. Era um dia de sol forte naquela sexta-feira. Ele acordou por volta das seis horas, correu com sua rotina e abriu a porta de casa, hummm, ela ainda não havia passado, nada do perfume de lavanda suave... ficou de plantão... mas pouco tempo! Ouviu a porta do elevador batendo, um tchau abafado. O plano parecia ter dado certo já que na medida em que o elevador descia o cheirinho vinha junto! Era agora! Tocou o botão de descida do sexto andar, o elevador passou pelo oitavo, pelo sétimo e deu aquela meia freada que eles dão antes de parar no andar, ele não se aguentava, a porta pantográfica do elevador do edifício tombado do Lido foi se abrindo... ele abriu a porta e se deparou com aquela criatura, doce, suave e com quase 90 anos de idade.

O choque deve ter sido grande porque Dona Eulália olhou assustada e perguntou:

- Meu filho tá tudo bem?

Depois de um tempo calado, entrou no elevador tentou balbuciar palavras mas não dava.

Dona Eulália era a viúva do Doutor Silva, morava no 902 e ia para a aula de educação física prá terceira idade na praia, perfumadissima encontrar as amigas e o namorado um velhinho ex-combatente pelo visto ainda na ativa.

Nesse dia não conseguiu pensar em mais nada. Nesse dia nem o remedinho ajudou a dormir, mas terminou adormecendo. A partir desse dia só usou o elevador dos fundos.


2008-09-18 10:18:40

O Perdedor

Apesar da verosimilhança a estória é 100% fictícia!

Mesmo sem saber o que poderia acontecer, Luís Felipe resolveu ir.

Mesmo com a chuva que já alagava a Siqueira Campos. Sempre alaga a Siqueira! pensou.

- Ela era uma gata, deu condição, eu vou, ué!
- Mas Luís, tá chuvendo muito espera e fala com ela outro dia, meu filho...
- Eu hein! Depois vem outro e passa a frente!

E foi. Era água que não acabava mais. A previsão tinha falado que seria uma das maiores chuvas dos últimos anos, tormenta extra-tropical, efeito estufa, essas coisas.

Mas foi confiante, era só até a PJ, seria rapidinho.

Não é preciso dizer que a travessia da esquina da Siqueira com a Toneleros foi épica! Ali ele se deu conta da burrada que tinha feito!
Ele até chegou na marquise do hotel, mas e atravessar a rua... cada carro que passava fazia uma onda de uma água meio preta, meio cinza... mas ela era demais... sabe tipo moreninha do corpão violão? Muito gata... Andressa, olha só que nome! Tantos desejos... numa performance digna dos campeões olímpicos em apenas três pulos foi da marquise até... enfiar o pé num buraco antes do outro lado da rua. Sem contar o ônibus que lhe deu AQUELE banho!

Arrasado, derrotado, todo molhado e ainda por cima mancando voltou prá casa. Não era a primeira vez.

Sua mãe preparou-lhe aquele banho quentinho e quando ele saiu do banho um chá com limão e uma aspirina! Ah, as mães!

- Tá doendo muito o pé, meu filho?
- Tá doendo à beça!
- Vai passar... Mas eu falei, né? Se tivesse ficado em casa, se me escutasse, mas vocês nunca escutam, vocês são desse jeito, só porque tem 38 anos acha que já sabe tudo...

2008-09-16 16:40:16

Copacabana não, boa noite Vietnan!

Caetano cantou que o Haiti era aqui. Hoje eu posso afirmar sem nenhuma sombra de dúvida que Copacabana é o Vietnan!

Eu cresci perambulando de molecagens ali na Ladeira dos Tabajaras onde sempre, sempre tive muitos amigos. Em algum momento entre 1978 e 1980 as coisas começaram a mudar em Copacabana. O Movimento começou a ficar mais pesado, mais armado, mais violento.

As turmas das esquinas de Copacabana acompanharam o "desenvolvimento" social e também começaram a surgir meninos armados nas turmas. E como uma coisa leva a outra ontem mataram dois na Tabajaras, hoje feriram outro no Pavão e amanhã matam você, de bala perdida, na Barata Ribeiro ou na Siqueira Campos.

Copacabana o berço da Bossa Nova, bossa velha, bosso nova é pancadão de trilha sonora e AR-15 de melhor amigo, Funk é cultura, é a cara do Estado do Rio de Janeiro. Em que estado nos deixaram...

Mas, com toda certeza, você vai poder protestar! Claro que vai, domingo vão ter cruzes na praia, gente de preto na Atlântica e caixões descendo dos Morros!

Operações cirurgicamente orquestradas por maestros das pistolas, cujo resultado seja no subúrbio seja na Princesinha é sempre pré-determinado: mortos e feridos!

Ih, foi ele é?
Muito amigo meu, falava com ele sempre...
Antes ele do que eu!

E nessa quase primavera em Copacabana, a tarde vai caindo linda como em um cartão postal cuja foto foi tirada lá de cima do Morro, onde tem uma favela e onde ontem morreram dois!

Copacabana não, boa noite Vietnan!

2008-09-02 14:28:21

Festa Julina na Serzedelo

persort
Domingo estive na Pç. Serzedelo Correia (Pç. dos "paraíbas"), e gostei
muito da festa. Essa festa é a mesma que acontecia na praça do Bairro
Peixoto
? Achei o local muito melhor mais espaçoso e a festa ficou mais organizada.

Copacabana anda meio carente de eventos para os moradores do bairro.
Tudo que acontece é para quem vem de fora. É muito bom receber os
visitantes, seja de outros bairros ou turistas, mas ultimamente só tem
mega eventos que tem trazido muitos problemas para os moradores e nada
é feito para os que vivem aqui.

É como se Copacabana fosse terra de ninguém.

A festa julina aconteceu sem problemas e com muita segurança, os
organizadores estão de parabéns.

Espero que tenham mais eventos direcionados para nós copacabanenses.

Abç.

Sgomes

2008-07-28 22:29:17

Sobrenatural de Almeida

Pela manhã, Almeida acordou bem tarde e fez exatamente as mesmas coisas que fazia todos os dias há muito tempo: foi ao banheiro, tomou um café com pão com manteiga e abriu o jornal do dia!

- Grande final, ora bolas.

Só se falava nisso em Copacabana. Nas janelas bandeiras, nas ruas pessoas vestidas com a camisa listrada, nos bares a certeza absoluta da vitória esmagadora.

Mas ele, acima de qualquer pessoa, que tinha sérias dúvidas da empolgação dos outros fanáticos, não acreditava mesmo.

- Eu duvido, isso sim!

Não era uma dúvida, era uma certeza. Ficou vendo televisão a tarde toda, os programas de entrevistas, o frisson, a encomenda do chope, a festa no Sambódromo, o gordo Cardiologista reconhecendo o próprio trabalho bem feito, o seu grande sucesso administrativo!

Trabalhando no Caju, ele passaria bem no meio do tumulto, como uma alma penada, uma alma perdida, mais um que passaria batido pelo templo do futebol. Até se lembrou de Nelson, seu irmão mais velho, que já tinha morrido e que também era um torcedor fanático, mas que acreditava no improvável, no sobrenatural!

E como foi difícil sair de Copacabana naquele início de noite... mas às 20:00 em ponto já estava batendo o ponto no cemitério.

Não viu nada do que se passou mergulhado que estava nos seus afazeres burocráticos de todos os dias, mas ouviu os gritos. Ah, isso ouviu! Uma, duas, três, quatro vezes e depois o silêncio.

O retumbante silêncio que se abateu. Por volta de uma e meia da manhã, pegou o seu caminho e voltou prá Copacabana, pensando no que teria acontecido na verdade.

Em Copacabana, nada.

As bandeiras já haviam sido recolhidas, as pessoas dormiam como se nada tivesse acontecido, vivendo o pesadelo da frustração.

Almeida chegou em casa, numa Cinco de Julho ainda mais silenciosa que o normal.

Nem lanchou. Foi direto da cama, com a certeza do dever cumprido, de não ter presenciado o inexplicável, não ser parte do surpreendente, de não ter nada a ver com isso tudo.

Almeida deitou e dormiu.

2008-07-03 11:24:13

PAREDES FINAS DEMAIS

Barata Ribeiro
Patroa foi viajar com as crianças para o litoral, aproveitar este período de descanso da Justiça para relaxar, muito justo por sinal. Mais justo que isso foi a minha sogra ter ido junto, ficando somente eu e o gato, que a maioria aqui conhece pelo bichano gordo que divide o sofá da sala.

A empregada ficou, bem, pelo menos eu a vi pela manhã e quando cheguei em casa encontrei um monte de roupa no varal e comida no fogão, uma puta macarronada com tudo a que tem direito. E foi só. Antes isso que chegar em casa e encontrá-la com o safado do porteiro, outro que não vale nada e enche a porra do meu saco toda vez que nosso time vai jogar.

Ao contrário dos outros dias, consigo sair cedo do trabalho, sentindo até um sentimento de culpa por não conseguir fazer isso quando todos estão em casa. Sabendo que ia dividir a cama com a minha mão e o controle remoto peguei uns dois filmes na locadora, mas a julgar pela hora, com sorte chego na metade do primeiro.

Cerveja que tinha na geladeira acabou. O gato fica me rodeando mas não dou nem papo, porque comida tem, caminha quentinha só com a mamãe dele que está tomando uma puta de uma chuva na praia e ainda por cima ficou com um quarto com goteira. Não poderia ser pior. Ah, sim. Poderia,
ainda é terça, só volta sexta. Quer apostar quanto que só porque é o final de semana do de peladas da minha turma além do sol sair vai fazer um calor infernal?

A macarronada já era, aliás, estou no segundo prato. Nada pra fazer, não vou conseguir pagar minhas contas agora mesmo, deixo esta humilde mensagem com algumas constatações:

* Nada melhor do que cagar com a porta aberta, vento corrente e sem pressa;
* Meu apartamento produz muito eco, dá para ouvir o chuveiro pingando do corredor;
* Preciso abaixar o som dos meus jogos, principalmente depois de uma da manhã;
* Devia ter pegado um filme pornô, televisão aberta não acontece nem um peitinho;
* Lavar a louça para que? A empregada volta, não volta!??!?
* Ficar de cuecas na sala é o que há!
* Não tem ninguém para comprar coca cola para mim;
* O corredor é ótimo para andar de skate;
* Dá o maior eco quando se joga bombinha pela janela que dá para o estacionamento;
* Interfone toca todo dia mas não atendo;
* Alguém deixou a geladeira aberta, a única lata de cerveja ficou choca;
* Ninguém fica online no dia 2 de janeiro;
* Qualquer apartamento da Barata Ribeiro sofre de paredes finas.

Amanhã tem mais, vou dormir
porque ouvi sirenes na rua
e alguém batendo na porta.

Tomara que não seja comigo!


Texto publicado originalmente no blog Morava em Copacabana.

2008-06-25 14:23:56

Compro apatia do Leme

Vendo o bairro do Leme indo para o buraco com essa bandidagem tomando conta da vida e em breve das casas de vôces, sei de um produto que anda sobrando no Leme do qual me interessa muito que é apatia. Aviso a todos que ando comprando apatia de todas as formas pode ser líquida, sólida ou gasosa. Esse material é farto com o povo do Leme. Compro apatia e vendo para países desenvolvidos que tem a mania esquisita de lutar, reclamar e cobrar por seus direitos como a decadência de uma cidade, por exemplo. Eu vendo, para eles adotarem o correto jeito de ser do povo lemense.

Publicado originalmente por Haroldo na Comunidade Leme no Orkut

Entenda a situação do Leme clicando aqui

2008-05-23 11:03:58

O cheiro do éter

Vivi uma infância entorpecida pelo éter em Copacabana, para onde me mudei aos 7 anos, depois de sair da Ilha do Governador. O cheiro espalhava-se pelo Posto 5, no rastro de um grande homem andrajoso freqüentemente visto arrastando-se pela Barata Ribeiro. Ele rondava a famosa - e fechada - farmácia Piauí, quase na esquina de Constante Ramos, mas não sei se comprava o vidrinho do produto ali. Os conservadores moradores usavam aquela figura, se não me engano, chamava-se Eduardo, para afastar os filhos das drogas naqueles anos 70. Diziam ser ele um rico herdeiro que havia enlouquecido por causa de maconha, cocaína e ácido e que, agora, afastado da família abastada, pedia esmolas para comprar éter. Eu o vi várias vezes dando suas cafungadas no paninho embebido do líquido, mas nunca acreditei muito no papo da riqueza dele. Para mim, o mendigo era triste, muito triste, e isso só poderia se explicar por alguma desilusão romântica. Inventei uma história para o homem que por um tempo ocupou o lugar das minhas bonecas nas brincadeiras de desvarios. Ele não seria do bairro, mas teria ido à praia lá e encontrou uma 'cocota', por quem se apaixonou. A moça o esnobava, mas ele não ligava, só queria ficar perto dela. Nunca mais voltou para casa, vivendo da piedade alheia. O tempo passou, ela se casou com outro e mudou de lá. Alucinado de dor, o pobre passou a se anestesiar com éter. Fez voto de silêncio - realmente, nunca ouvi sua voz -, parou de tomar banho e fugiu do lugar-comum chamado realidade. Procurava seu amor contrariado sempre rondando quatro quarteirões. Em vão. Seu pé, inchado como seu fígado, sangrava, assim como seu peito. Um dia, Eduardo chorou muito, e as lágrimas cheiravam a éter. Ele, então, cobriu os olhos e o nariz com seu paninho sujo e ficou agonizando três dias assim. Depois disso, ninguém mais o viu. Eduardo sumiu. Virou folclore para os copacabanenses e marco de tristeza para mim.

Originalmente publicado por Ana Silvia Mineiro em Válvula de Escape

2008-04-27 18:31:29

Copacabana

Chegava em casa todos os dias por volta das 7:00h da noite. Ia até a janela e olhava o movimento da Rua Santa Clara. Agitada como sempre àquela hora e por horas mais ao longo da noite. Copacabana era o sonho dourado de notívagos e boêmios a procura de diversão e notoriedade para uma noite só.

Mas não ela...

Chegara a alguns anos do interior do estado à procura de oportunidades melhores na vida e tudo que conseguira foi muito trabalho como garçonete em uma pizzaria “pé sujo” durante a noite, um kitnet apertado próximo ao trabalho, que agora conseguia manter sem dividir com nenhum amigo da “noite”, e pagar a faculdade em que estudava farmácia à tarde e sustentava com a bolsa que conseguira trabalhando na própria faculdade de manhã, quase virada do trabalho da noite.

Não tinha importância. Em breve arrumaria um estágio, pois já estava no sétimo período e largaria a pizzaria. Embora se quisesse, poderia se arrumar vendendo aos freqüentadores da pizzaria, algumas drogas que já sabia manipular, como sabia que algum de seus colegas inescrupulosos fazia, talvez se desse melhor. Mas não... Já havia passado por muito para se sujar por tão pouco.

Aquela noite estava começando estranha... Não sabia o que era. A garganta seca e apertada como se alguém quisesse a sufocar... Foi tomar banho para ir trabalhar.

25 anos, um belo corpo e cabelos longos, castanhos e lisos amarrados em um coque para compor com o boné da pizzaria. Estava vestida com o uniforme de trabalho e já ia descendo de elevador quando escuta seu nome no corredor...

- Beatriz. Beatriz.

Ela não podia acreditar. O que sua professora de fitoquímica fazia ali naquele corredor?

- Profª Mirza! O que faz aqui?

Espantada e assustada por estar diante de sua apaixonante musa inspiradora... Aquela que desde há dois anos vem povoando seus sonhos mais indiscretos. Que deixa todas as quintas-feiras o perfume impregnar suas narina e sua alma, fazendo com que seu patrão resmungue por estar tão dispersa na noite.

- Procurei você na faculdade a tarde toda. Não consegui te achar então tive que pegar seu endereço para te encontrar...

- Não tô entendendo...

- É que surgiu uma oportunidade de estágio na empresa farmacêutica em que sou chefe de laboratório e sempre ponho meus alunos mais aplicados...Não gosto de trabalhar com pessoas que não conheço. É uma multinacional e trabalhamos com muitos medicamentos do mercado e em pesquisas para novas formulações... Bem, gostaria de conversar com você se não tiver te atrapalhando. É estágio remunerado e eles pagam direitinho.

- Não sei nem o que dizer...

- Não quer me convidar para o seu apartamento? Talvez você não precise mais trabalhar na pizzaria... A voz de Mirza estancou nesse momento.

“Como ela sabe que trabalho na pizzaria?!!”

- Sei muito a seu respeito Beatriz. Não quer me convidar para seu apartamento? Insistiu Mirza

Desorientada e alquebrada pela sua secreta amada, retorna no corredor e abre a porta do apartamento...

Ao entrar sente mãos desejosas em seu ombro e cintura...”Não posso acreditar...eu estou alucinando...fiquei tempo demais no laboratório da faculdade hoje...estava sem máscara, devo ter inalado alguma substância sem querer...”

Não teve tempo de pensar em muita coisa, estava nos braços e sendo beijada pela mulher que mais amava, que mais desejava...

Mirza passou suas mãos pela nuca retirando o boné e desfazendo o coque. Após desceu as mãos ao longo do corpo de Beatriz. Flancos, quadril e coxas... Subiu novamente as mãos para os seios, segurava-os enquanto beijava a boca de Beatriz como se estivesse sorvendo louca, o licor de seus lábios. Não permitiu que Beatriz interrompesse o interlúdio se apressando a abrir a blusa. Ouvindo os gemidos de Beatriz, Mirza se tornou mais voraz e conduziu-a até o sofá cama que se encontrava a dois passos delas. Deitou-a mantendo-a em seus braços e sem emitir uma única palavra dirigiu o idílio amoroso.

Desarmada, Beatriz resolveu não pensar em “por quês” e simplesmente se abriu ao seu fervoroso e dedicado amor. Conduziu sua amada para entre suas pernas e apenas sorriu... Seus sonhos estavam começando a se tornarem reais...

Mirza: Persa, significa pessoa nobre. Aceita e enfrenta com naturalidade os obstáculos que encontra pela frente, mesmo os que parecem intransponíveis. Seu segredo está na perseverança e no otimismo. Só aceita como para uma pessoa de personalidade forte

Beatriz: Significa aquela que faz os outros felizes e indica uma pessoa bem disposta, capaz de fazer piada com tudo, para alegrar a si própria e para dar nova luz aos ambientes que freqüenta। Mas isso não impede que ela tenha um espírito crítico, capaz de distinguir com muita clareza o certo e o errado। Do latim "bem -aventurada".


Publicado por Carolina Bivard em Contos Lés

2008-04-16 13:53:40

Declinando Possibilidades

Belíssimo achado... Ser aquele violão: projeto satisfatório de uma vida. Cantos pelos cantos de Copacabana. Sussurros em fá menor. Barba na nuca, pescoço, seios, ventre, entre o mundo! Mas meu coração continua em paulicéia, desvairado, arvorado, virando latas, roendo osso, comendo se-midão, ganindo baixinho pra não incomodar a vizinhança.

Por
Angélica de Oliveira Castilho Rio de Janeiro, 6 de abril de 2008

2008-04-09 12:19:23

Um dia para ser lembrado

Aquele não seria um dia comum.

Quando Marcos acordou, notou que estava atrasado para o trabalho. A pilha do seu despertador de cabeceira havia terminado.

Para muitos isso seria um fato comum, que pode acontecer a qualquer um, mas para ele foi um sinal.

Marcos era do tipo supersticioso. Incapaz de passar por baixo de uma escada, sempre saia pela porta que entrava, facilmente ele trocava de calçada quando avistava um gato preto.

Ele levantou-se rapidamente na esperança de recuperar o tempo perdido mas a sua rotina diária foi implacável. Por mais que se esforçasse não conseguia agilizar a sua saída de casa. As leis da física o atrapalhavam em todos os sentidos. Como fazer a água do seu café ferver mais rápido do que o habitual? Como fazer para tomar banho e passar a sua roupa ao mesmo tempo?

Aos trancos e barrancos ele finalmente conseguiu se por a caminho do trabalho.

Tinha um bom emprego numa empresa de importação e exportação e gozava de certas regalias por ser um bom funcionário. Um pequeno atraso em nada abalaria o seu conceito já que isso nunca havia acontecido nos cinco anos em que trabalhava ali, mas mesmo assim, Marcos não se sentia a vontade naquela situação em que se encontrava. Como iria encarar os seus colegas de setor. Com certeza alguém faria uma piadinha que o deixaria vermelho de vergonha.

Resolveu pegar um táxi e com isso ganhar alguns preciosos minutos. O motorista era de poucas palavras e não fez a menor questão em conversar durante a corrida. Apenas a música do rádio quebrava o silêncio da viagem.

Na pressa, Marcos não comprou o jornal que sempre lhe fazia companhia no trajeto de casa para o trabalho. Lamentou o seu esquecimento mas ao mesmo tempo, notou que o seu pequeno lapso lhe economizou segundos preciosos na sua gincana.

Sem nada para monopolizar sua atenção durante a corrida do táxi, ele pôs-se à olhar pela janela as cenas do cotidiano. Cenas que rotineiramente não percebia. Ele apenas ouvia a música suave do rádio e olhava.

Ao passar por uma praça, viu um grupo de idosos fazendo uma aula de tai shi shuan. Ele se encantou com a alegria com que aquele grupo de pessoas de terceira idade se concentrava para acompanhar a professora naqueles gestos delicados e cheios de vida que mais parecia um ballet. Certamente já havia passado por aquela praça centenas de vezes mas nunca havia percebido o que se passava ali.

Ao parar em um sinal, pode ver um animado grupo de estudantes à caminho do colégio. Em um outro ponto, observou uma feira. Mais à frente um casal de mendigos. Foi quando seus olhos paralisaram em uma cena que mudaria a sua vida para sempre.

Ele olhava e não acreditava que nunca havia percebido que aquilo acontecia todos os dias e ele nunca havia notado antes.
Para fugir do engarrafamento, o motorista do táxi não seguiu o itinerário do ônibus e desviou sua rota pela orla de Copacabana. Mário ficou encantado com o que via pela janela do carro.

Claro que Mário conhecia a praia. Ele não era nenhum mineiro em visita ao Rio de Janeiro que se vislumbra com a imensidão do mar. Jamais provaria a água para ver se realmente é salgada. Mas aquelas pessoas em plena segunda feira desfrutando daquela maravilha toda o fez refletir sobre a vida que levava.

Lembrou-se da sua infância. Do tempo em que o peso na responsabilidade não lhe pesava nos ombros. Do tempo em que uma simples pipa era o suficiente para ser feliz.

Das brincadeiras com os amigos que o tempo e as circunstâncias da vida o havia afastado. Dos seus brinquedos, seu carrinho de rolimã, da sua bicicleta, nossa, a quanto tempo ele não andava de bicicleta.
Num impulso impensado Mário pediu para o motorista do táxi parar o carro.

Pagou a corrida, desceu do carro, tirou o paletó, desatou o nó de sua gravata e começou a andar naquela areia que lhe parecia mais branca do que nunca.

Ele resolveu que não seria mais escravo dele mesmo. Seus valores morais e éticos haviam mudado naquele instante. Ele não se transformaria num rebelde, num relapso, muito menos em um irresponsável, longe disso, mas mudaria os seus valores daquele momento em diante, aliás, ela já era outro homem.

Decretou que daquele dia em diante se preocuparia um pouco mais em como viveria a sua vida. Em como usaria o seu tempo. E principalmente, em como se relacionaria com as outras pessoas.

Andou a manhã inteira, pouco se importando com os olhares que lhe eram lançados. Sabia que calça e sapatos não combinam com a paisagem mas isso não lhe incomodava mais.

Pegou um ônibus e voltou para casa.

No trajeto, tentava se lembrar aonde havia guardado seu velho livrinho de telefones.

Iria ligar para todos seus antigos amigos que há muito não falava. Reatar suas antigas amizades, ouvir velhas estórias, revisitar seu passado e reatar toas as antigas amizades que conseguisse.
No dia seguinte quando chegasse ao trabalho explicaria o que aconteceu. Não inventaria nenhuma estória mirabolante porque mentir não era uma falha do seu caráter.

Contaria a verdade. Essa continuaria sendo a sua companheira inseparável.

Apenas queria retomar o tempo perdido.

Não aqueles poucos minutos que um par de pilhas velhas o roubou, mas sim, alguns anos que o cotidiano e as convenções da sociedade os haviam lhe tirado.

Mário estava certo.

Aquele não seria um dia comum.

Originalmente publicado em http://cesweber.blogspot.com/2008/04/um-dia-para-ser-lembrado.html por Cesar Weber

2008-04-07 17:38:05

Maçãs nunca foram só vermelhas

Se o olfato de Jean-Baptiste teve origem na fétida vizinhança em que nasceu o meu se formou no colo da mais cheirosa mulher: fosse dia ou fosse noite, dia normal ou dia de festa, de pijama ou de saída. Ainda vou encontrar, nas minhas viagens, o perfume Fracas que me despertou as narinas.

Os cadernos (e livros) eram encapados com papéis de presente e contact (aplicado perfeito e sem bolhas), arrumar a mochila para a escola tinha clima de Natal, manusear meu material escolar fazia com que me sentisse especial e única (tudo tinha uma cara gostosa e escolhida).

Meus cabelos eram penteados e amarrados com continhas coloridas em várias tranças, meus colares eram feitos de conchas catadas naqueles verões em Copacabana, tive biquinis feitos a mão, tênis pintados como aquarelas, calças com apliques de tecidos hippies e claro, não me lembro de um jeans que não fosse desfiado. Ter uma moda nossa era normal.

Festas eram normais, gente de todos os tipos e estilos era normal, cabeleleiros e maquiadores desbaratados, normal, ler Interview, normal, folhear Architectural Digest, normal, saber a diferença entre fúcsia e bordeaux, normal, saber como cheira a copaíba, normal. Em qualquer idade, que fique explícito, normal.

Bem que avisam que em algum momento o que ensinam faz sentido, a gente não acredita até que se percebe ou se enxerga (o que vier primeiro). Já me percebo. Mas ainda quero me ver pintada como meus tênis e contar estórias como as que aprendi com minha mãe.

Originalmente postado por Cristiana Rodrigues em
OutlanderCris


2008-03-28 10:40:08

O Ninja de Copacabana

É recorrente. Quando chega o fim de semana e preciso gerenciar meu tempo sempre penso a mesma coisa: porquê não sou um sujeito sistemático e disciplinado e não ponho-me a escrever histórias ou qualquer coisa dessas que ficam a noite toda na minha insônia querendo ser escritas? Um exemplo clássico. Pouca gente sabe mas Copacabana, nos anos noventa, teve um Ninja!

Naquele tempo, caminhávamos sempre atentos e buscando ser o mais discreto possível. O Ninja, suas estrelas e bolinhas que explodiam aterrorizavam o bairro. Sei, não precisa me aterrorizar, se ele ler isso, esse post-denúncia, eu posso não durar muito. Mas já sei como enganá-lo. Estudei sua trajetória por todo esse tempo.

É verdade, ele não era um homem bom e cordato, era um Ninja Vingador, rude e violento. Não era um Power Ranger amigo leitor. Meu trabalho de segui-lo, ver sua decadência com o tempo, a idade, a barriga já proeminente, as manias conservadoras, o gosto pela rotina e a constante insatisfação não foi de um “foca” de redação. Eu, apesar de toda indisciplina, acompanhei o caminhar do “Ninja de Copacabana”.

Eu sei, é verdade que ninguém sabe onde está sua famosa e justiceira Ninja To, à época comparada com a “lurdinha” de Tenório Cavalcanti. Suas estrelas voadoras e seus saltos históricos, antológicos mesmo. Sua capacidade de fuga quando queria assustar alguns amigos em pleno “Sangue & Areia”, futebol de praia noturno na princesinha do mar.

A violência é um tema na cidade e no bairro. Virou tema de um romancista policial, Garcia-Roza, que parece temer escrever sobre o Ninja de Copacabana. É fato, eu temeria. Ele era ruim.

Muito se fala seja na areia, no asfalto, nas comunidades, nos morros da cidade, daquele Ninja, justiceiro. Mas agora, depois de tanto tempo eu vou revelar. Sei que é arriscado. Mas vou revelar uma foto dele. Ai está o Ninja ainda criança com sua primeira Shuriken, a estrelinha Ninja, que ganhou do famoso Mestre Ninja Taputo Conada. É em primeira mão:

Ninja de Copacabana

Publicado Por Paulo Lima em O Ninja de Copacabana

2008-02-25 15:59:03

Minha Copacabana

Copacabana, minha praia, minha casa, minha história....



O que dizer de Copacabana, quando se respira Copacabana, quando se vê Copacabana, quando Copacabana nos resume?



Poderia falar dos amigos, dos lugares, do visual, da brisa, das cervejas na Barata Ribeiro, da maresia na Vila; poderia falar dos meus filhos, dos passarinhos, dos micos, da mata, das bananas que minha mãe compra para dar a eles; podera falar de um amor que conheci na janela; poderia falar da mulher que me ensinou o amor, além da paixão e das primeiras visões, e que se mostra mais bela a cada dia; poderia falar da feira ou das laranjas que vêm de lá e acordam comigo todas manhãs, espremidas e geladinhas...



Poderia falar da luta de quem faz este site; poderia falar do Governador, que foi moleque conosco no Morrinho; poderia falar da minha avô Ana, que não faltava às missas de domingo na Igreja de Nossa Senhora de Copacabana; poderia falar do Padre Walter; poderia falar do meu pai que já não mora aqui; poderia falar das turmas, dos tempos e dimensões...



Mas todas as palavras não seriam suficientes para expressar o que sinto e o que Copacabana significa, penso eu, pra, mim, para as pessoas e para o mundo...



O que posso e preciso fazer é te oferecer esta sincera homenagem: Copacabana, meu planeta, minha nave...



Marco Evandro


2008-01-30 09:10:31

Beija-Flor em Copacabana

Beija-Flor desfila em Copacabana



Sampa é uma cidade dez: bons restaurantes, shows de primeira... Mas você tem que ter bala na agulha. No Rio, se estiver de caixa baixa, você vai pra praia, vai passear (ou desfilar) no calçadão. Aqui sempre pinta uma surpresa. Pode ser um súbito temporal em plena tarde de sábado, expulsando a galera da praia, fazendo voar guarda-sóis... Pode ser um ensaio técnico da Beija-Flor em plena Avenida Atlântica, O meu valor me faz brilhar, Iluminar o meu estado de amor, Comunidade impõe respeito, Bate no peito eu sou Beija-Flor. Pois é: ontem, dia de São Sebastião, só não desfilou atrás da escola nilopolitana quem já morreu. As fotos não deixam mentir. Mas como eu ia dizendo, Sampa...



Beija-Flor em Copacabana

Beija-Flor em Copacabana
Beija-Flor em Copacabana

Samba de enredo da Beija-Flor para 2008:

Macapaba: equinócio solar, viagens fantásticas ao meio do mundo

O meu valor me faz brilhar
Iluminar o meu estado de amor
Comunidade impõe respeito
Bate no peito eu sou Beija-Flor

É manhã, brilho de fogo sob o sol do novo dia
Meu talismã, a minha fonte de energia
Oh deusa do meu samba, a flor de Macapá
No manto azul da fantasia
Me faz mais forte, extremo norte
A luz solar ilumina meu interior
Vou viajar na linha do Equador
Emana ao meio do mundo a beleza
A força da mãe natureza é Macapaba
O rio beijando o marEncontro das águas marejando o meu olhar

Quem foi meu Deus que fez do barro poema
Quem fez meu criador se orgulhar
Os Cunanis, Alistés, Maracás
Foram dez, foram mais pelo Amapá

Um dia navegando nos rios de Tupan
A viagem fantasia dos filhos de Canaã
A mágica da terra a cobiça atraiu
Ibéria se enleva no Brasil
A mão de Ianejar na fortaleza pela proteção da vida
Em São José de Macapá
Brilha Mairi a minha estrela preferida
Herança moura em Mazagão
Retiro o meu chapéu de bamba e assim
O Marabaixo ao marco zero cai no samba
Soam tambores no tocar do tamborim

(Autoria de Cláudio Russo, Carlinhos Detran, J. Veloso, Gilson Dr., Kid e Marquinhos)

Texto e Fotos do Ivo Korytowski - ivokory@gmail.com - em http://literaturaeriodejaneiro.blogspot.com/2008/01/beija-flor-em-copacabana.html

2008-01-28 09:10:47

Ufanamente Copacabana

Faz pouco tempo que retornei ao Rio, após uma fria temporada nos pagos meridionais do Brasil. E de volta à terra abençoada por Deus e bonita por natureza, não podia cair em lugar melhor do que este, o meu planeta Copacabana. Assim inauguramos o Meia Sinapse: com uma pequena e já saudosa louvação deste bairro singular. Claro que faltam os bares, restaurantes e outros cantinhos menos ou mais famosos do cenário, lugares dos nossos amores, causos e reminiscências. Fica pra próxima!

Be my guest…

Na conhecida faixa de terra de quase um quilometro de largura e mais de quatro de extensão, espremida entre o mar e a montanha, existem apenas setenta e oito ruas, cinco avenidas, seis travessas, três ladeiras e seis acessos viários. Muitas são as maneiras de se olhar Copacabana. Nessa multiplicidade de ângulos, talvez o melhor para desenhar os seus contornos seja o da sua gente. Aqui estão cerca de 200 mil moradores, boa parte dos quais acompanharam as transformações das últimas décadas: são as pessoas com mais de 60 anos – cerca de 25% da população aqui, bem mais do que a média nacional, que não passa de 10% - que formam o saudoso grupo da terceira idade. No outro extremo, mas disputando a mesma praia está a a galera jovem, também muito numerosa na área.

Na geografia humana de Copacabana a imagem da “cidade partida”, apropriada para descrever o espaço social do Rio de Janeiro e do próprio Brasil, ganha nuances de contraste. Praticamente toda a limitada área do bairro está ocupada. A maioria das pessoas espalham-se pelos milhares de edifícios residenciais, desde os suntuosos e históricos prédios à beira-mar até outros mais simples, em cantos mais modestos do bairro. Parte da população concentra-se nos morros, em seis comunidades: Babilônia, Chapéu Mangueira, Cantagalo, Pavão-Pavãozinho, Tabajaras e Cabritos. Mesmo o espaço público possui sua população flutuante de adultos e crianças.

Mas existe no bairro uma outra multidão, há ainda, mais lutas, movimento e barulho. A população praticamente duplica todos os dias, gente dos quatro cantos do Rio que passa ou faz a mini-cidade funcionar. Aqui buscam seu sustento e para cá trazem e deixam um pouquinho de si em trabalho e cultura. E a “jovem senhora” demonstra sua gratidão, acolhendo a todos sem distinção de classe, credo, etnia ou sexo, tornando-se informalmente uma espécie de “capital espiritual do Rio”.

Também vale lembrar que não é apenas o Rio de Janeiro que está em Copacabana: o mundo todo encontra aqui o seu espaço. Dos cerca de 25 mil apartamentos da rede hoteleira da cidade, nada menos que dois terços estão no bairro. A maioria dos visitantes prefere um hotel simples na princesinha do mar, do que um cinco estrelas na Barra. Andar pelo calçadão da avenida Atlântica no verão dá esta dimensão transcultural, já que em poucos outros lugares ouvem-se tantos sotaques e línguas diferentes lado a lado.

Na convergência de todas estas diferenças, torna-se cada vez mais difícil definir Copa de maneira unívoca. Se cada bairro tem sua característica peculiar, no imaginário sobre a Cidade Maravilhosa apenas Copacabana tem a capacidade de reuni-las todas, no exótico contorno de suas pessoas, ruas, montanhas, praia, histórias e história.

Ah! Sua história… Um dos lugares mais cosmopolitas do Rio, a visão atual de Sacopenapan, “aves de pernas grandes” num dialeto indígena – deixaria estupefatos seus antigos moradores Tamoios. O cenário mudou radicalmente desde aquele tempo: desapareceu a pedreira do Inhangá, que separava as praias do Leme e de Copacabana, ergueu-se a muralha de edifícios defronte à orla - onde estão alguns dos primeiros e principais expoentes do art déco no Brasil.

Do mar das lendas e tradições, emerge uma interessante história sobre o nome do bairro. Nos altiplanos andinos, às margens do Lago Titicaca, há uma península, outrora chamada na língua quéchua por Qopaq hawana, “mirante do azul”, donde se tem a linda vista da fusão entre o céu e o seu reflexo no lago. Com a dominação espanhola, logo o lugar tornou-se ponto da devoção católica de Nossa Senhora de Copacabana. Ainda no século XVI, comerciantes espanhóis trouxeram para o Rio de Janeiro objetos religiosos ligados à santa boliviana e ao final do século XVII, a igrejinha construída onde hoje se localiza o Forte de Copacabana, já era bem conhecida de romeiros e viajantes.

Área de difícil acesso, incrustada entre altas e verdes montanhas, Copacabana permaneceu praticamente isolada do centro do Rio, até o final do século XIX. Além do Forte do Leme e de algumas poucas chácaras e sítios, onde se refugiavam em veraneio os mais abastados da capital, dentre eles o próprio Dom Pedro II, apenas uma restrita população de pescadores habitava o local.

O difícil acesso foi superado em 1892, quando a Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico, mais tarde comprada pela Light, abriu um túnel através do Morro de Vila Rica, estendendo sua linha de bondes de Botafogo para Copacabana até onde hoje se localiza a Praça Serzedelo Correia. No dia 06 de julho de 1892 foi inaugurado o Túnel Real Grandeza (nosso Túnel Velho, chamado oficialmente hoje de Alaor Prata), em cerimônia prestigiada pelo Mal. Floriano Peixoto, então Vice-Presidente da República, data que se tornou uma referência para o aniversário do bairro.

Logo que a linha do bonde ampliou-se em direção ao forte do Leme e à igrejinha (o Forte de Copacabana seria construído apenas em 1914), abriu-se o caminho para o surgimento de ruas e a proliferação de loteamentos. No início do século XX, sob a gestão de Pereira Passos, foi aberto o Túnel do Leme. No mesmo ano de 1906, foi inaugurada a avenida Atlântica, que com as ondas de seu calçamento-mosaico de pedras portuguesas se tornaria o símbolo maior do bairro e da própria cidade.

Em 1922, ano em que acontecia em São Paulo a Semana de Arte Moderna, ocorreu o episódio conhecido como a Revolta dos Dezoito do Forte de Copacabana. Militares contrários às oligarquias da velha república, rebelaram-se no Forte, e depois de frustradas negociações e a desistência da maioria dos participantes, restaram amotinados apenas dezessete militares e um civil, dos quais dezesseis foram mortos na praia. Os Dezoito do Forte tornaram-se símbolos da resistência à velha ordem e da luta pela modernização do país.

Ainda na década de vinte, foi inaugurado o Hotel Copacabana Palace, trazendo para o bairro festivos bailes e personalidades internacionais. A partir dessa época, a elite urbana do Brasil composta por intelectuais, artistas e estrangeiros instalou-se no bairro e as casas passaram a dar lugar a grandes edifícios, tornando a paisagem símbolo de prosperidade e modernidade. Hoje restam pouquíssimas casas, verdadeiros memoriais dessa época que já passou. Paralelamente, já marcando a vocação do bairro à diversidade e contrastes, a ausência de políticas habitacionais apontando o abismo social crescente do país, consolidou-se a favela no cenário de Copa com o início da ocupação dos morros do Leme e Tabajara.

Nos anos 40 e 50, Copacabana concentrava grande parte da vida cultural e noturna da cidade, fermento donde surgiram os primeiros acordes da bossa-nova. Junto a isto, a infra-estrutura, a ampla rede de serviços e a invejável orla de areias claras fazem do Rio de Janeiro, sonho de consumo mundo afora. A população jovem dos prédios formava as famosas “turmas”, ainda hoje lembradas com nostalgia e carinho pelos moradores mais antigos.

Copacabana caracteriza-se pela rapidez de seu crescimento e de sua interminável reconstrução. A partir dos anos 60, o bairro famoso passou a atrair cada vez mais gente, em busca do status que conferia. O desenvolvimento rápido e desordenado levou Copacabana a tornar-se uma espécie de segundo centro da cidade, lugar de circulação diária de milhares de pessoas.

As transformações e os contrastes fazem do bairro uma enorme síntese estético-social do país: o melhor e o pior, o feliz e o triste, o feio e o belo, o rico e o pobre, juntos lado a lado, numa incessante dialética de confronto e troca. Aqui se formou um gigantesco espelho onde nossa gente vê um pouco melhor o próprio rosto e silhueta, neste lugar onde o Brasil é mais brasileiro.

~ by Marcio Anhelli on November 9, 2007.

2008-01-14 18:17:29

Quando a rua vira uma bagunça!

Moro numa rua maravilhosa, a Rua Aires Saldanha.

Aqui em nossa rua, no trecho compreendido entre as Ruas Bolívar e Xavier da Silveira, procuramos manter as calçadas limpas e lavadas, com os jardins e as fachadas dos prédios sempre bem conservados e com as pedras portuguesas, quando necessário, recolocadas. Procuramos
fazer a nossa parte.

Mas infelizmente, por descaso do poder público, por vezes esta rua vira uma bagunça.

E aí estão os bagunceiros:

1) Restaurante Xexéu (Rua Aires Saldanha, 21 - A)
De restaurante não tem nada. É na verdade um bar de baderna e gritaria, pessoas bêbadas e música altíssima durante a semana desde as 22h até por volta das 2.30h da manhã (justamente no horário que não se faz fiscalização). O bar não possui nenhum tratamento acústico e há a total falta de respeito com relação aos vizinhos. Nós moradores já fizemos um abaixo-assinado entregue ao subprefeito Marcio Fellipo, mas até o dia de hoje não houve nenhuma ação com relação ao problema.

2) Rua Aires Saldanha número 10 (em verdade sua numeração é Rua Bolívar, 27 loja B)
estabelecimento sem placa indicativa de nome. Este BAR pratica música ao vivo em dias de semana começando às 21h, com um volume acima do permitido pela Lei do Silêncio a partir das 22h. Não há tratamento acústico ou portas no estabelecimento para impedir que o som se propague para fora. Geralmente o barulho vai até às 3h da
manhã. Também há a utilização da via pública com mesas na calçada, sendo servidas bebidas e comidas sem que o pedestre consiga trafegar. Colocam também em dias de jogos de futebol do time São Paulo um telão na calçada com torcida organizada, onde se ouve gritos e músicas de baixo calão da torcida até altas horas da madrugada.

3) Três flanelinhas completamente embriagados, que diariamente importunam moradores que estacionam os carros. Lemos no diário oficial a autorização para a implantação do VAGA CERTA que até hoje não foi realizada. Porque?? Só esta atitude já resolveria em grande parte este problema.

4) Mendigos embriagados deitados pelo chão que importunam moradores e transeuntes, pedindo dinheiro e os agredindo com palavras de baixo calão. Por algumas vezes um excelente guarda municipal que fica na esquina da Rua Bolívar, nos auxilia e pede a remoção destes desabrigados.

É isso, pessoal...ainda temos fé de que essas coisa se resolvam....

Obrigado

André Braga

2008-01-09 22:45:41

Balanço do réveillon em Copacabana.

Amigos, sinceramente, ano que vem vou procurar outro lugar para passar a passagem de ano.
Nunca vi uma desordem tão grande na praia como a ocorrida neste ano. Todos os anos, nos últimos 50 anos, tenho virado o ano nas areias da Praia de Copacabana, sempre com muita gente, mas sempre com um sentimento coletivo de o espaço ali era para todos. Todo ano pulava minhas ondinhas e até me arrisquei num jacaré na madrugada de 31 de dezembro. Sempre achei isso tão natural...
Mas não neste ano. Fileiras de cadeiras colocadas estratégicamente ao longo da calçada impediam a chegada às areias. E se a gente tentava ultrapassar os obstáculos e andar pela areia, surgiam as milícias familiares que grosseiramente nos empurrava, informando que por ali não tinha passagem. Claro, tinha que proteger suas geladeiras, isopores, churrasqueiras e traquitanas, tão importantes para a felicidade de suas respectivas famílias. E os demais? Ora, que se danassem.
Entre as muitas cenas deprimentes vi uma que me chocou. Um grupo de rapazes bêbados fizeram uma rodinha para urinar ali, bem no meio da multidão e, às gargalhadas urinaram sobre senhoras sentadas em cadeiras de praia. Uma cena digna do filme o Ovo da Serpente, em que judeus eram massacrados no meio da rua por hordas da juventude nazista. Sem reação por parte de ninguém.
A barbárie era total. Ficamos entalados no meio da multidão e não conseguíamos sair.
A prefeitura e seu maligno alcaide não tiveram o cuidado de criar algumas passagens vigiadas para que, quem quisesse, pudesse chegar às areias e atingir o oceano.
Com todo amor que tenho por este bairro que, por absoluta insistência minha se tornou o meu lugar de moradia e onde serão jogadas minhas cinzas, tenho que dizer. O seu réveillon foi uma frustração total.
Um show de desrespeito e barbárie.

2008-01-04 14:03:30

Por um relógio novo!

Ô ano que num acaba esse tal de 2007... agora só se fala no infeliz que por usar relógio analógico quebrou o esquema milionário e cenográfico da Prefeitura! Só precisou dum clique e babou tudo! Só em Copacabana!

A contagem? Ah, desconta, tá?

2 milhões de pessoas na festa de Copacabana e 6 baleados, dois mortos - um de bala perdida e a outra caiu da janela num prédio na Barata Ribeiro... mas, entre mortos e feridos, salvaram-se todos!

Antecipado ou não (será que Freud explica isso? 2007 nem foi um ano tão ruim!) o fato é que o espetáculo dos fogos é algo alucinante, um momento de catarse coletiva, onde todos os olhos se voltam pro céu, e é impossível pensar em mais nada além dos fogos! E isso é bom porque temos a certeza que pelo menos naqueles 10 minutos iniciais (eu duvido que você também não tenha achado over e depois de algum tempo também tenha acordado do transe) não pensamos em nada egoista, nada ruim e talvez isso seja paz!

Vista de todos os ângulos (de qualquer mesmo) a festa de Copacabana é o máximo! E eu ainda me lembro quando ainda não havia nada disso, só as pessoas soltando rojões e morteiros da praia e o primeiro Reveillon com a cascata do Meridién, e nem faz tanto tempo... virou esse super-espetáculo em, sei lá, 30 e poucos anos? 30 e poucos anos... nossa! Como a perspectiva fica diferente.

Mas foi de comemoração de vizinhos prá referência mundial em Reveillon, naquela que é a referência mundial em Praia! Só em Copacabana mesmo e olhando assim faz todo sentido!


Revellon 2008 em Copacabana


2008-01-02 12:59:59

2007... atualização! Em 2008... inovação!

Se você acompanha o nosso site, percebeu que em 2007 o Copacabana.COM consolidou seu conteudo atualizando centenas de páginas e todas as biografias, incluindo várias dezenas de fotos na nossa galeria, fizemos testes com vídeos e os implantamos em muitas páginas com grande sucesso e enorme receptividade por parte dos nossos visitantes!

Em 2007 nos iniciamos de forma profissonal no comércio eletrônico, onde começamos a entender o que nosso público precisa, quando interessa e fazendo com que a sua experiência dentro do site seja cada vez melhor e integrada com seus desejos.

Iniciamos a implantação dos Google Maps, através da plataforma de programação, onde pudemos criar aplicativos funcionais como o mapa que exibe a localização dos hotéis em Copacabana e também permite que você faça sua reserva de hotel e pousadas a partir do mapa e os mapas das ruas, onde moradores selecionados podem incluir fotos, vídeos e textos dentro dos mapas das suas ruas e contar um pouco da sua história por um ponto de vista mais pessoal, diferente do conteúdo biográfico histórico que vinhamos apresentando desde a criação do site, além de uma grande atualização no nosso cadastro de Negócios e Serviços.

E é aí que o site Copacabana.COM, ao completar 12 anos ininterruptos online em janeiro de 2008, gostaria de falar sobre a nossa parceria com a Google, que é uma empresa que dispensa apresentações!

O Copacabana.COM vem utilizando e testando as plataformas, APIs e serviços do Google desde o seu início.

Você já se acostumou a ver os links patrocinados dentro do nosso site que são fornecidos pelo AdSense que é um serviço do Google. Nós também, neste ano de 2007, começamos a utilizar a plataforma de programação do Google Maps para a criação dos mapas (mencionado acima) que faz muito sucesso, a plataforma de vídeos que usamos é a do YouTube (líder mundial) que também pertence ao |Google, o sistema de busca dentro do site Copacabana.COM é o Google Search, então nada mais natural que firmássemos uma parceira com o Google!

Nesta parceria o Copacabana.COM se tornou um ISP (Internet Service Provider) Partner do Google e com isso ganhamos a possibilidade de oferecer recursos que antes eram impossíveis.

Estamos oferecendo a todos os moradores de Copacabana, que se cadastrarem em http://nossa.copacabana.com a possibilidade de ajudarem a fazer parte do conteúdo do Copacabana.COM e como parte do pacote oferecemos uma suite de aplicativos com agenda, planilha e editor de texto online, messenger para conhecer e falar com seus vizinhos, página inicial personalizada e email voce@copacabana.com com 5 gigs de espaço! Inicialmente selecionaremos apenas 500 moradores que estejam interessados em colaborar, por isso corra e garanta logo o seu pacote Copacabana.COM/Google!

Nosso projeto para 2008 é fazer um site mais voltado para seus moradores, permitir que nossas páginas sirvam de veículo para suas histórias, suas imagens, que o Copacabana.COM seja a sua memória sobre o bairro de Copacabana!

Feliz 2008!

Marcelo Antelo
marcelo@copacabana.com

2007-12-25 11:28:59

Prefeitura decreta o tombamento de duas casas em Copacabana!

A Prefeitura publicou no D.O. do dia 17/10/2007, o Decreto nº 25.593 que tomba para fins de preservação desses marcos arquitetônicos, duas casas em Copacabana.

Uma delas é a fantástica casa da Rua Souza Lima n° 171.

A outra e casa de pedra da Rua Sá Ferreira nº 196.

A Sociedade Amigos de Copacabana havia solicitado à Prefeitura o tombamento da casa da Rua Souza Lima. A casa da Rua Sá Ferreira já era objeto de estudo de tombamento pela Prefeitura.

Sabemos que alguns dos proprietários podem não ter gostado, mas entendemos que a preservação delas será um benefício para o bairro de Copacabana que, devido a especulação imobiliária, teve a maior parte das suas características arquitetônicas originais destruídas.

Segue abaixo o referido decreto

Atenciosamente,

Horácio Magalhães Gomes
Presidente da Sociedade Amigos de Copacabana
http://amigosdecopa.vilabol.uol.com.br
22876036 / 91192880


DECRETO N.º 25593 DE 17 DE OUTUBRO DE 2007.




Determina o tombamento provisório dos bens que menciona e dá outras providências.

O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições
legais, tendo em vista o que consta do processo administrativo n.º
22/000.037/2007, considerando o significativo valor histórico, arquitetônico e cultural destas edificações e a importância de preservar marcos referenciais arquitetônicos que testemunham as fases iniciais da ocupação do bairro de Copacabana;

considerando a necessidade de salvaguardá-las de ações que prejudiquem sua integridade e sua ambiência;

considerando os estudos elaborados pela Secretaria Extraordinária de Promoção, Defesa, Desenvolvimento e Revitalização do Patrimônio e da Memória Histórico-Cultural da Cidade do Rio de Janeiro — SEDREPAHC e o
pronunciamento favorável do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro, que constam no processo referido supra;

DECRETA

Art. 1.º Ficam tombados provisoriamente, nos termos do art. 5.º da Lei n.º 166, de 27 de maio de 1980, os imóveis situados na Rua Sá Ferreira, 196, e na Rua Souza Lima, 171, no bairro de Copacabana.


Art. 2.º Quaisquer obras ou intervenções a serem executadas nos
referidos bens, nas fachadas dos imóveis, em seus interiores ou dentro dos limites de seus terrenos devem ser previamente aprovadas pelo Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro.

Art. 3.º Em caso de sinistro, demolição não autorizada ou obras que resultem em descaracterizações dos imóveis tombados, o órgão de tutela pode estabelecer a obrigatoriedade de reconstrução ou recomposição dos bens, reproduzindo suas características originais, conforme o previsto no art. 133 da Lei Complementar n.º 16, de 4 de junho de 1992 (Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro).

Art. 4.º A colocação de toldos e de engenhos publicitários e/ou
indicativos situados na fachada destes imóveis ou em seus terrenos deverá ser previamente aprovada pelo órgão de tutela.

Parágrafo único. Os engenhos publicitários e/ou indicativos e toldos não poderão encobrir total ou parcialmente os elementos decorativos e/ou arquitetônicos de significação cultural que façam parte das fachadas dos imóveis.

Art. 5.º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Rio de Janeiro, 17 de outubro de 2007 — 443.º ano da Fundação da Cidade

CESAR MAIA

2007-10-19 12:25:14

Projeto Aquarius - 35 anos

E aconteceu no Rio, nas areias de Copacabana, sábado à noite. E Isaac Karabtchevsky, o maestro, com o mesmo sorriso de satisfação, regeu o espetáculo, com a maestria de sempre - e isto não é um jogo de palavras. Participaram os percussionistas do "Afro Lata", e eu fiquei imaginando a alegria daqueles meninos por estarem tocando com a Orquestra Sinfônica.

Também imaginei a emoção dos convidados estrangeiros, participando de um concerto ao ar livre, nas areias da praia mais famosa do mundo, num sábado de céu azul de um país tropical. Teve Wagner Tiso, tenor cantando ópera de Carlos Gomes em italiano, "O Guarani" como abertura, solo de "Valsa de uma Cidade", com a cidade ali, cantando junto. Carlos Gomes, Villa-Lobos, Francisco Mignone, Tom Jobim, Pixinguinha, todos eles foram tocados. E a nossa alma também. "Carinhoso", na graça do sax de Carlos Malta, serviu de base para o sussurro da grande multidão, que cantava romântica e suavemente os versos do clássico. Sim, de verdade: a vida, com música, é outra coisa!

Suzi

Projeto Aquarius em Copacabana

2007-10-17 20:05:12

Repousa em paz, meu irmão!

Lélio era meu amigo.

Amigo desde de sempre, me lembro dele, quando eu ainda era pequenininho. Irmão da minha mãe, esse era do bem... um sujeito sem mágoas, feliz do jeito dele, antes de ser meu tio era meu amigo!

Lélio, tinha muitos defeitos, e quem de nós não os tiver que passe aqui depois prá pegar a medalhinha, mas era meu amigo querido e vai me deixar muitas saudades!

Ele morava aí, no posto 5 em Copacabana, mas tinha seu escritório bem ali nas pedras do Arpoador... às vezes me ligava de noite prá comentar as mumunhas da política, ah! E como ele gostava duma política! E dos seus filhos... nossa! Era louco de amor por eles, louco de amor pela vida!

E dessa forma Copacabana vai perdendo suas figuras.

2007-09-25 16:08:44

Árvores da Rua Xavier da Silveira

As árvores da Rua Xavier da Silveira são um perigo para quem passa por baixo. Têm vários galhos podres que caem sobre carros e pessoas, veja alguns dos acidentes abaixo. Precisam de uma poda urgente.

Árvore podre
Prejuízo no parabrisa
Carro atingido por galho

2007-09-05 21:59:33

Tiroteio em Copacabana

Notícia do Jornal O Dia, 28/8/2007:

Rio - Um rápido, mas intenso tiroteio assustou moradores de Copacabana, na Zona Sul, na manhã desta terça-feira. A Subprefeitura da Zona Sul e a Secretaria de Segurança fizeram uma operação no acesso ao Morro Pavão-Pavãozinho para apreender menores acusados de cometer roubos e furtos na região.

O local, no pé do Morro Pavão-Pavãozinho, na esquina das ruas Sá Ferreira e Raul Pompéia, era apelidado "de cracolândia", que funcionava como ponto de encontro de viciados em drogas e assaltantes que roubavam motoristas e pedestres.


Estava demorando. Os pontos de concentração de marginais para compra e venda de drogas é conhecido por qualquer cidadão. O que a gente não entende é por que estas ações policiais são tão extemporâneas. Fez-se uma esta noite, mais uma ou duas semanas e tudo vai estar montado de novo, a maior parte das vezes, no mesmo lugar.

Todo mundo sabe que a fonte maior da criminalidade é a miséria e a exclusão social. Sobre este fato não existe qualquer discussão. Mas, assim como acontece no corpo humano, quando uma vida saudável, boa alimentação e vacinas não resolvem, usam-se os antibióticos. Na vida social, este grande organismo, o trabalho policial é o antibiótico para deter o agaravamento da infecção criminal.

A partir daí, entram os assistentes sociais e educadores, permitindo a estes seres marginalizados uma reintegração social.

Mas, que não se confundam as coisas. O estado de coisas nas ruas do Rio de Janeiro exige medidas fortes e corajosas. Só assim as medidas sociais poderão ter alguma eficácia. O crime deve ser punido, ponto final.

2007-08-28 20:16:02

Copa Bacana completa uma semana com saldo positivo

26/4/2007 - 13h48

A operação Copa Bacana , ação conjunta entre o Governo do Estado e a Prefeitura do Rio visando a acabar com a desordem urbana num dos bairros mais charmosos do Rio, completa hoje uma semana com saldo positivo e apoio da população. Durante o trabalho coordenado pela Secretaria de Governo e sem data para acabar, foram abordadas 215 pessoas que moravam pelas ruas de Copacabana e 121 foram levadas para a Fundação Leão XIII. Dessas, 94 alegaram não ter dinheiro para voltar às suas casas e o retorno foi garantido com a ajuda do governo do Estado.

Setenta e cinco menores foram encaminhados para órgãos de assistência social e quatro menores infratores que estavam na Avenida Atlântica foram encaminhados para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Outros quatro menores foram levadas para a Fundação para a Infância e Adolescência (FIA), já que estavam se prostituindo em frente à danceteria Help, na Avenida Atlântica, entre as ruas Miguel Lemos e Djalma Ulrich. Os pais foram chamados pelas autoridades.

- O diferencial dessa operação é que ela não dará trégua aos delitos cometidos diariamente. Vamos combater a desordem urbana em Copacabana, um dos cartões postais do Brasil - disse Rodrigo Bethlem, coordenador da operação.

Vinte kombis e carros velhos, que serviam como depósito de mercadorias de camelôs e ficavam estacionados ao longo da Avenida Atlântica, foram rebocados e levados para depósitos do Detran. Além disso, tanto por carga e descarga irregular como por transportar mercadorias mal acondicionadas, que põe em risco a saúde da população, 17 caminhões foram multados e tiveram a carga apreendida. Noventa e três quilos de pescado, que seriam vendidos a restaurantes da Praia de Copacabana foram inutilizados, assim como aproximadamente quatro quilos de requeijão.

Dezenas de camisetas falsificadas da Seleção Brasileira de Futebol foram apreendidas na feira de artesanato de Copacabana, que funciona todos os dias à noite no canteiro central da Avenida Atlântica.

Desde o último fim de semana, a população tem uma linha direta com o governo do estado para fazer denúncias. Foi lançado o Disque-Copa Bacana. Sem precisar se identificar, qualquer pessoa pode dar sugestões ou fazer sua reclamação sobre qualquer irregularidade no bairro através dos telefones 2299-5300 e 2299-5770.

Do total de telefonemas recebidos pelo Disque-Copa Bacana, o problema que mais aflige os moradores é a presença de moradores de rua, totalizando mais de 20% dos telefonemas. Em segundo lugar, está a presença de camelôs e flanelinhas, com 8% das ligações, seguido de queixas contra ponto de táxis e vans e estacionamento irregular nas ruas de Copacabana, entre outros.

- O saldo é extremamente positivo nesses primeiros dias e vamos continuar com a ação, uma determinação do governador Sérgio Cabral. Atrás dessa desordem, existem delitos e, se estivermos presentes, podemos aumentar a sensação de segurança para a população - disse Bethlem.

2007-08-27 13:37:38

Debret sobre Copacabana em 1834

Copacabana Século 19




"(...) O primeiro plano, formado pelo prolongamento das montanhas que beiram a costa do Rio de Janeiro, permite verem-se as pequenas ilhas e bancos de areia que assinalam a sua proximidade. Vê-se no meio da areia a pequena igreja de Copacabana, isolada num pequeno platô; mais à direita um segundo plano formado por um grupo de montanhas entrando mar a dentro esconde a sinuosidade do banco de areia cujo extremidade reaparece com sua parte cultivada tão reputada pelos seus deliciosos abacaxis. Aí se forma a embocadura de um pequeno lago alimentado pelas águas do mar em maré alta (a Lagoa)."

Jean Baptiste Debret, 1834

2007-08-23 10:55:47

Matinés do Olímpico!

Tenho me dado conta da diferença de ponto de vista de quando a gente é criança e depois que a gente cresce. E quando eu falo em ponto de vista me refiro a parte geográfica mesmo, a altura dos olhos mais específicamente.

Lembro das matinés que eu frequentei em Copacabana! A minha primeira foi no Olímpico Clube que fica ali na Pompeu Loureiro. Meu pai me levou de carro ate a porta, eu tinha 13 anos recém-feitos, compramos os ingressos, e entramos naquele corredor que levava até o salão, o salão era enorme (daí a diferença na perspectiva, ele nem é tão grande) onde já tocavam aquelas músicas inesquecíveis... Sha na na na Sha na na na Hey Hey Kiss Him Goodbye...

No comando do som dois malucos que depois se tornaram lendas Ademir Lemos e Monsier Limá, hehehe! Procurei alguma foto do Olímpico nessa época (na verdade não achei nada de nenhuma!) e não rolou! Bebida? Droga? Nada disso ali o lance era dançar, zoar como se diz hoje em dia, isso era em 1975, geração cocota, pós-paz-e-amor! Tênis pampêro, calça Lee quatro botões, camisa ValSurf ou Hang Ten esse era o uniforme fora da escola de todo mundo!

E isso remete até as turmas das Ruas, que é um fenômeno muito interessante de Copacabana! Pela evolução das turmas de Copacabana podemos perceber a liberalização dos costumes e a mudança no comportamento social com a introdução das armas de fogo no início dos anos 80!

Nessa época eu morava na Rua Tonelero esquina com a Hilário de Gouveia, mas "andava" ali no Morrinho que fica ali na Rua General Barbosa Lima, tinham dois irmãos que andavam ali nessa época o Sérgio e a Cláudia... deixa prá lá! Bachman Turner Overdrive emplacava vários hits e na matiné a turma fazia duas filas com os meninos dançando de um lado e as meninas do outro... num efeito... digamos... interessante!

E não tinha essa parafernália toda de luz e som, mixagens, nada disso! Eram os sucessos rolando e a galerinha se divertindo prá voltar prá aula na segunda! Um tempo depois começaram os atos de vandalismo, brigas de turma depois da festa, brigas dentro do baile, até que acabou!

Depois veio a Tropicana no Canecão, mas aí eu já não me adaptei muito... era discoteca, e eu achei isso tudo muito esquisito! Aquilo num era dança de homem!

Depois o Limá voltou com a domingueira do Le Bateux, talvez em 78 (?), o fato que nessa época eu já andava na Hilário mesmo, e daí que ali eu estava em casa! Foi uma época muito legal, muito skate no Bairro Peixoto... surfe de peito em Copacabana, Posto 5... muita coisa proibida... muito show no Tereza Rachel! Foi num desses shows, que eu penetrei (depois eu conto mais detalhes!) do Pepeu Gomes, acho que foi o do disco Na Terra a Mais de Mil, aquele que tinha o Brilho da Malacaxêta, sei que ele entra no palco com o violão e diz:

- Galera, vou mostrar uma música que eu acabei de fazer agora há pouco... Você pode fumar baseado...

Vamos dizer que foi minha entrada "oficial" no Rock´n Roll... 1978 em Copacabana!

2007-07-23 10:53:43

A verdadeira maravilha é Copacabana

O Cristo abençoa Copacabana




Coisa mais linda de se ver! O Cristo de Copacabana!




E foi aqui em Copacabana que anúnciaram: a maravilha!

2007-07-11 21:28:16

Tiroteio em Copacabana

É... Não demorou nem 24 horas. Às 22:00 h de ontem um tiroteio pôde ser ouvido na Av. N. S. de Copacabana. Um turista francês fôra assaltado na Av. Atlantica e a perseguição e tiroteio se estendeu pelas principais ruas de Copacabana. Tiros de pistola e fuzil foram disparados. Felizmente só um dos bandidos foi baleado (no pé).

Para quem não mora no Rio de Janeiro informo que o bairro de Copacabana é o bairro mais procurado pelos turistas. Trata-se de um bairro à beira-mar com vários hotéis e restaurantes e as ruas em que se desenrolaram os fatos narrados, são as principais ruas deste bairro e onde circula um número elevado de pedestres e motoristas, 24 h por dia. A não ocorrência de vítimas inocentes foi um verdadeiro milagre...

Só lembrando, nesta mesma noite 32 turistas foram assaltados num ônibus que vinha do Aeroporto Internacional. Os assaltantes, um casal, traziam entre os armamentos uma granada de mão que era brandida pela assaltante o tempo todo, aterrorizando os que acabavam de chegar à cidade maravilhosa.

Parece que a repressão aumentada nas bocas de fumo está levando as quadrilhas a buscarem o levantamento de receita no asfalto. É importante que a asfixia que está sendo realizada nas quadrilhas das favelas do Rio de Janeiro se estenda às áreas residenciais legitimamente instaladas, entre estas estão os IPTU's mais altos do Brasil.

2007-07-05 18:48:28

Metrô - Estação Cantagalo

Andar de metrô no Rio de Janeiro virou um tormento. Um transporte maravilhoso, que poderia ser a chave para desafogar as nossas artérias, a Av. Nossa Senhora de Copacabana e a Rua Barata Ribeiro, não disponibiliza, em horários de pico, um número de composições capaz de absorver a enorme demanda.

Pessoas que trabalham no centro da cidade e vão para zona norte, em horários de pico - entre 17h00 e 20h00, vêm antes para zona sul, especialmente para a Estação Cantagalo, para tentar pegar o trem vazio. Os passageiros andam amontoados em trens, numa situação que só tem paralelo nos trens de carga que levavam os judeus para os campos da morte, na II Guerra Mundial. Neste horário, à partir da Estação Flamengo, ninguém consegue mais entrar.

Leonardo, um estudante de Direito da UERJ, é um bom exemplo dos que saem do Centro e vêm para a Estação Cantagalo, para conseguir chegar a Universidade. É ele quem avisa: - É melhor não sentar se for saltar antes do Estácio.

Todos nós que utilizamos a Estação Cantagalo nos sentimos um pouco enganados após a inauguração da mesma. Uma caminhada superior a 5/7 minutos é necessária para chegar à gare e as esteiras rolantes, quando funcionam, abrangem um trecho muito curto, sendo que só entre a saída Barata Ribeiro e a bilheteria, são 100 m de caminhada - sem falar nas infiltrações e goteiras. Ou seja, a gente entra numa estação na Rua Xavier da Silveira e pega o metrô lá perto da Rua Constante Ramos...

Zahar

2007-07-05 12:53:06

35 quilos só de balas...

Publicado originalmente no Blog do PMERJ - Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente em 22/06/2007 às 22:41

Policiais do Batalhão Florestal apreendem no Morro Chapéu Mangueira 1.027 projéteis de fuzis e carregadores que traficantes abandonaram na mata


Rio - Mais de mil balas e quatro carregadores para fuzis e pistolas foram apreendidos no fim da manhã de ontem no Morro Chapéu Mangueira, no Leme, na Zona Sul do Rio, por policiais do Batalhão Florestal. O material estava dentro de uma mochila escondida na mata no alto da favela, atrás do Forte do Leme. Os bandidos fugiram deixando os 1.027 projéteis, pesando 35 quilos, para trás. Não houve confronto e ninguém foi preso.

Do total de munição apreendida, 427 balas são de fuzil 7.62, 397 de pistola 9 mm e 203 de fuzil AK-47. Os quatro carregadores são de calibre 7.62. Segundo os PMs, traficantes estariam usando a mata como esconderijo. No local, os policiais encontraram guimbas de cigarro e restos de comida.

“Estávamos fazendo buscas na mata quando vimos folhas se movendo. Assim que nos aproximamos, os bandidos fugiram sem que pudéssemos vê-los. O grupo abandonou a munição para evitar o flagrante e porque a mochila pesava 35 quilos, o que atrapalharia a fuga”, contou um policial que participou da operação. A apreensão foi registrada na 12ª DP (Copacabana).

Na quarta-feira, homens do Batalhão Florestal trocaram tiros com cinco traficantes no mesmo local onde as balas e os carregadores foram apreendidos ontem. Os criminosos conseguiram escapar e não houve feridos. Há pouco mais de duas semanas, agentes da unidade, especializados em incursões na mata, fazem buscas para reprimir o tráfico de drogas na região e evitar novas guerras entre facções rivais.

Em 30 de maio, moradores do Chapéu Mangueira e do Morro da Babilônia viveram momentos de terror. Traficantes da Rocinha e do Vidigal, controlados pela facção Amigos dos Amigos do Lulu (ADALL), invadiram as duas favelas e expulsaram integrantes do Comando Vermelho (CV).
Até rotas de aviões comerciais, que passam próximo aos morros, foram modificadas por causa dos tiroteios. Nos dias seguintes à guerra entre os grupos rivais, PMs do 19º BPM (Copacabana) ocuparam os morros e trocaram tiros com traficantes.

Originalmente postado no blog do PMERJ - Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente em 22/06/2007 às 22:41

2007-06-29 09:43:01

As ondas de Copacabana

Ressaca no Posto 6 em Copacabana

Foto: Gabriel de Paiva, Agência Globo





Desta vez não foi o aquecimento global e sim uma frente fria que veio lá das terras do sul, trazendo de brinde uma senhora ressaca! (do mar, claro). E o velho Carlos Drummond de Andrade coitado, de costas, não consegue nem perceber o que vem por aí…

As fotos foram feitas no Posto 6, local onde o mar habitualmente nunca é agitado, por causa do paredão do Forte de Copacabana.




Homem olhando as ondas em Copacabana

Foto: Willian de Moura, Agência Globo




Originalmente publicado em
http://blogdocejunior.wordpress.com



2007-06-27 13:40:41

Rua Bolivar INVADIDA - ÁREA MILITAR??????

Resido na Rua Bolívar, no trecho entre as ruas Barata Ribeiro e Pompeu Loureiro,
em Copacabana, trecho estritamente residencial do bairro.

Corte do Cantagalo
Rua Pompeu Loureiro (Corte do Cantagalo)


Esta quadra, há pelo menos 30 anos, sempre teve a faixa de rolamento da esquerda, lado ímpar da rua, reservada a um possível deslocamento de emergência dos carros de serviço dos bombeiros, sendo, portanto, proibido o estacionamento de automóveis neste trecho, mas permitido do outro lado da rua, lado par.

Dia 16/06 último, porém, nós moradores fomos surpreendidos com a colocação de placas informando que o trecho era ?Área Militar?, e com indicação de ?Estacionamento privativo de carros autorizados pelo Corpo de Bombeiros? em toda a extensão da quadra, inclusive com demarcação de vagas e pintura do meio fio na cor vermelha.

Desde o reinício das obras do metrô - Estação Cantagalo - a pedido da própria corporação, esse trecho da rua Bolívar teve nessa faixa de rolamento o sentido do trânsito invertido para facilitar o deslocamento de emergência dos carros de serviços dos Bombeiros, passando o lado par da rua a ter o estacionamento proibido. Sofremos mais de dois longos anos sem poder parar em lugar algum de nosso quarteirão.

Copacabana, como todos sabemos, é um bairro constituído de prédios antigos, sendo um grande número deles sem garagem, e com um alto preço de aluguel de vagas, em torno de um salário mínimo mensal.

Por outro lado, é um bairro muito bem servido em transporte coletivo, inclusive com três estações de metrô, sendo uma - Estação Cantagalo - em frente ao quartel do Corpo de Bombeiros.

- Qual a justificativa para o CET Rio transformar a saída de emergência de carros de serviço de bombeiros em toda a extensão de uma quadra de um bairro residencial em estacionamento privativo para pessoal do Corpo de Bombeiros?

- Por quê o privilégio para o pessoal do Corpo de Bombeiros em possuir uma área específica de estacionamento em frente ao seu local de trabalho, em detrimento aos moradores, que pagam impostos regularmente e nunca foram contemplados com áreas de estacionamento gratuito em local público?

- Por quê o Corpo de Bombeiros não desativa sua quadra de esportes, subutilizada
por eles próprios (alugada a terceiros), para transformar a área em estacionamento para carros de serviço, caso haja necessidade?

- Qual o direito que o Corpo de Bombeiros tem de demarcar vagas na rua totalmente irregulares, sem critérios técnicos, pintando meio fio de vermelho e marcações de vagas não respeitando inclusive distâncias mínimas de esquinas, portas
de garagem e etc....?

Senhores, nós, moradores fomos completamente desrespeitados em nosso direito de ir e vir, de acesso a nossas casas, de estacionar em nossa porta, de receber amigos, ou seja, MORAR em nossa rua. Muitos de nós deixamos nossos carros em casa por não ter o privilégio de estacionar gratuitamente próximo ao nosso local de trabalho.

Após a conclusão das obras da Estação Cantagalo estávamos ansiosos por ver nossa rua voltar ao normal e, fomos surpreendidos por esse golpe desrespeitoso e inaceitável.

Atenciosamente,
Marcelo Fiuza

2007-06-25 16:29:21

A caminhada do General

- Quando eu tinha a sua idade todo mundo me dizia que eu era a cópia do Victor Mature! - dizia o General reformado Augusto Siqueira Neto, enquanto, orgulhoso, estufava o peito.

Realmente, do alto dos seus 68 anos, forte, espadaúdo e bronzeado como um surfista havaiano, o general tinha boas razões para se orgulhar de sua saúde, obtida às custas de muita disciplina, que incluía uma dieta restrita, 1.000 abdominais diárias e uma caminhada de 8 km pelo calçadão da avenida Atlântica, todos os dias, - "Mesmo que chova canivete." - dizia o general.

Embora ele negasse, todos os amigos afirmam que ele só mora na rua Siqueira Campos, porque considera que ela é a rua dos "Siqueiras".

- Veja o senhor, Dr. Luiz, a que ponto nós chegamos. - falava o general para este ouvinte ofegante, que tentava acompanhá-lo, em seu périplo, às 7h00 da matina, de uma fria e nevoenta manhã de outono - Ontem no Mundial (o Supermercado Mundial), aquele camarada do alto-falante avisava aos clientes para que colocassem suas bolsas sobre as barrigas, por causa dos furtos que estavam acontecendo. Que vergonha, isto é um absurdo! - O general ficava vermelho e as veias da cabeça saltavam enquanto falava. Quem era eu de contrariar.

- É sim, general. É um absurdo - concordava eu, com um meneio de cabeça.

E continuou: - "Olha, Dr. Luiz, eu não gostava do Lacerda, era um chato, um verdadeiro corvo, mas fez um bom trabalho com os comunistas e com os desgraçados de Copacabana".

- Mas como assim, General? Falam até que mandou afogar mendigos e...

- Boatos! Boatos! Nunca se provou nada disso! - os olhos irritados do general não deixavam margem a dúvidas, o Lacerda era bom demais.

- É verdade, general.

- Eu sei, eu sei. - e prosseguia - No governo do Lacerda a gente podia andar na rua, não tinha pivete, nem mendigo, nem este monte de postitutas no calçadão. Eles eram recolhidos, os menosres iam para o SAM onde tinham casa, comida e educação. Os marginais, ora, prá onde que tinham que ir? Iam pro xilindró mesmo, cana dura, que é o lugar deles.

E continuava o general: - Todo mundo fala mal, também, do governo militar, mas naquele tempo não tinha essa bagunça não. Lugar de pivete, ladrão, traficante e comunista era na cadeia.

É general, mas tinham as torturas... - tentava ponderar.

- Exagêro. Todo mundo sabe disso, ora, Dr. Luiz. - prosseguia o general - Que a tortura existiu, todo mundo sabe. Mas eu quero saber é o seguinte: como se tira informações de um criminoso? O senhor acha que é oferecendo flores e bombons?

- Não general, só não acho certo a tortura. Cadeia, vá lá, mas só depois de julgado e condenado. Tenho muito medo da justiça feita por quem não é capacitado para tal - ponderei com o general.

- Concordo, Dr. Luiz, mas o que o senhor pensa do Fernandinho Beira-Mar? E do Elias Maluco? Ah, se estivessem na minha mão... Já tinham passado o nome, telefone e o endereço, com CEP, de todos estes malditos traficantes. E esses maconheiros, filhinhos de mamãe? Tinha era que prender todo mundo. Queria ver se o crime não diminuía...

- É general. Pontos de vista, né?

Nesta altura um ventinho frio começou a bater lá na altura da rua Miguel Lemos.

- Pô general, tá frio até prá pinguim.Acho que vou voltar.

- Ah, vocês jovens precisam de um treinamento, estão muito fracos.

- Bem general, obrigado pelo "jovem", mas vou ter que voltar. Até amanhã! - me despedí com um aceno rápido.

- Até amanhã, senhor Luiz, mande lembranças prá sua senhora.

E, aos poucos, o nevoeiro foi engolindo o general e os seus ideais de ordem e justiça.

2007-06-25 14:31:19