sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Copacabana

Chegava em casa todos os dias por volta das 7:00h da noite. Ia até a janela e olhava o movimento da Rua Santa Clara. Agitada como sempre àquela hora e por horas mais ao longo da noite. Copacabana era o sonho dourado de notívagos e boêmios a procura de diversão e notoriedade para uma noite só.

Mas não ela...

Chegara a alguns anos do interior do estado à procura de oportunidades melhores na vida e tudo que conseguira foi muito trabalho como garçonete em uma pizzaria “pé sujo” durante a noite, um kitnet apertado próximo ao trabalho, que agora conseguia manter sem dividir com nenhum amigo da “noite”, e pagar a faculdade em que estudava farmácia à tarde e sustentava com a bolsa que conseguira trabalhando na própria faculdade de manhã, quase virada do trabalho da noite.

Não tinha importância. Em breve arrumaria um estágio, pois já estava no sétimo período e largaria a pizzaria. Embora se quisesse, poderia se arrumar vendendo aos freqüentadores da pizzaria, algumas drogas que já sabia manipular, como sabia que algum de seus colegas inescrupulosos fazia, talvez se desse melhor. Mas não... Já havia passado por muito para se sujar por tão pouco.

Aquela noite estava começando estranha... Não sabia o que era. A garganta seca e apertada como se alguém quisesse a sufocar... Foi tomar banho para ir trabalhar.

25 anos, um belo corpo e cabelos longos, castanhos e lisos amarrados em um coque para compor com o boné da pizzaria. Estava vestida com o uniforme de trabalho e já ia descendo de elevador quando escuta seu nome no corredor...

- Beatriz. Beatriz.

Ela não podia acreditar. O que sua professora de fitoquímica fazia ali naquele corredor?

- Profª Mirza! O que faz aqui?

Espantada e assustada por estar diante de sua apaixonante musa inspiradora... Aquela que desde há dois anos vem povoando seus sonhos mais indiscretos. Que deixa todas as quintas-feiras o perfume impregnar suas narina e sua alma, fazendo com que seu patrão resmungue por estar tão dispersa na noite.

- Procurei você na faculdade a tarde toda. Não consegui te achar então tive que pegar seu endereço para te encontrar...

- Não tô entendendo...

- É que surgiu uma oportunidade de estágio na empresa farmacêutica em que sou chefe de laboratório e sempre ponho meus alunos mais aplicados...Não gosto de trabalhar com pessoas que não conheço. É uma multinacional e trabalhamos com muitos medicamentos do mercado e em pesquisas para novas formulações... Bem, gostaria de conversar com você se não tiver te atrapalhando. É estágio remunerado e eles pagam direitinho.

- Não sei nem o que dizer...

- Não quer me convidar para o seu apartamento? Talvez você não precise mais trabalhar na pizzaria... A voz de Mirza estancou nesse momento.

“Como ela sabe que trabalho na pizzaria?!!”

- Sei muito a seu respeito Beatriz. Não quer me convidar para seu apartamento? Insistiu Mirza

Desorientada e alquebrada pela sua secreta amada, retorna no corredor e abre a porta do apartamento...

Ao entrar sente mãos desejosas em seu ombro e cintura...”Não posso acreditar...eu estou alucinando...fiquei tempo demais no laboratório da faculdade hoje...estava sem máscara, devo ter inalado alguma substância sem querer...”

Não teve tempo de pensar em muita coisa, estava nos braços e sendo beijada pela mulher que mais amava, que mais desejava...

Mirza passou suas mãos pela nuca retirando o boné e desfazendo o coque. Após desceu as mãos ao longo do corpo de Beatriz. Flancos, quadril e coxas... Subiu novamente as mãos para os seios, segurava-os enquanto beijava a boca de Beatriz como se estivesse sorvendo louca, o licor de seus lábios. Não permitiu que Beatriz interrompesse o interlúdio se apressando a abrir a blusa. Ouvindo os gemidos de Beatriz, Mirza se tornou mais voraz e conduziu-a até o sofá cama que se encontrava a dois passos delas. Deitou-a mantendo-a em seus braços e sem emitir uma única palavra dirigiu o idílio amoroso.

Desarmada, Beatriz resolveu não pensar em “por quês” e simplesmente se abriu ao seu fervoroso e dedicado amor. Conduziu sua amada para entre suas pernas e apenas sorriu... Seus sonhos estavam começando a se tornarem reais...

Mirza: Persa, significa pessoa nobre. Aceita e enfrenta com naturalidade os obstáculos que encontra pela frente, mesmo os que parecem intransponíveis. Seu segredo está na perseverança e no otimismo. Só aceita como para uma pessoa de personalidade forte

Beatriz: Significa aquela que faz os outros felizes e indica uma pessoa bem disposta, capaz de fazer piada com tudo, para alegrar a si própria e para dar nova luz aos ambientes que freqüenta। Mas isso não impede que ela tenha um espírito crítico, capaz de distinguir com muita clareza o certo e o errado। Do latim "bem -aventurada".


Publicado por Carolina Bivard em Contos Lés

2008-04-16 13:53:40

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