sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A Eter

Não me lembro se já publicamos isso, mas achei agora durante a faxina anual da inbox e resolví publicar. O texto é do meu amigão jornalista Eduardo Leite, que anda meio sumido, e é uma homenagem aquele que foi um dos personagens mais marcantes da Copacabana de meados dos anos 1970!

A Éter

Éter
Eternamente
É ter na mente:

Que é possível estar
Presente,
ausente

Que é possível estar
Ausente,
presente

Éter- presente
Poesia displicente
Produção independente
Fantasmagoria diligente

Arte de quem sente
Que ter não é ser
Independente

Que a moléstia do presente
É se julgar presente
Pelo valor da moeda
Na conta corrente

Éter na mente
Que a mente
Mente
Quando a saudade
Sente
De quem
Ainda que ausente,
Está eternamente presente
Está éter na mente presente
É ternamente presente

E a lágrima não descente
Torna chorar a dor
Algo fútil
Pequeno
Indecente

Éter
Ternamente
Eternamente
Gigante
Na mente

Ainda que ausente
A presença
Pressente
Eterna
Gasosa
Permanente

Éter
Sem raivas
Sem mágoas
Sem dentes
Altivo e inocente

Mestre mudo
Mostra ao mundo
Que o amor não fica
Decadente
Não pode ser indecente
Com ou sem éter na mente

2009-01-06 12:52:28

4 comentários:

  1. muito bom o texto,...
    abs

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  2. Obrigado pela força, Marcelo !
    Hora dessas eu volto, vapt-vupt!
    Abraço,
    JÔKA

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  3. Éter: conheci ele criança, tinha medo daquele homenzarrão, mas, com o tempo, acho que tanto ele quanto eu nos víamos com tanta frequência que passamos a ser "conhecidos". Ele era educado, pedia uns trocados para o éter ou para um salgadinho, agradecia e se retirava.
    Certo dia vi uma aglomeração na esquina de Barata Ribeiro com Constante Ramos (perto da Farmácia Piauí). E lá estava o éter, com suas pernas inchadas, vencido enfim pela morte, mas ainda exalando a sua atmosfera gasosa-espiritual.

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